Insegurança perceptual e multissensorialidade no horror nórdico contemporâneo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22475/rebeca.v12n1.913

Palavras-chave:

Cinema, Análise fílmica, Horror nórdico, Multissensorialidade

Resumo

O trabalho analisa três filmes de longa-metragem de horror nórdicos – o sueco Border, de Ali Abbasi (2018); o islandês Lamb, de Valdimar Jóhannsson (2021); e o norueguês The Innocents, de Eskil Vogt (2021) – destacando traços presentes em uma tendência do cinema contemporâneo que se caracteriza pela inserção de elementos do imaginário fantástico e/ou insólito na construção de paisagens imagéticas e sonoras que priorizam uma atmosfera de contemplação e vazio. Os filmes nos parecem formular um recorte relevante da forma como o gênero horror articula ideias, valores e tensões sociais dentro da produção audiovisual contemporânea, seguindo a tendência de endereçar toda a superfície sensória do corpo do espectador, explorando sentidos outros, além da visão e da audição, no regime de espectatorialidade cinematográfica.

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Biografia do Autor

Rodrigo Carreiro, Universidade Federal de Pernambuco

Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Docente e coordenador do PPGCOM da UFPE, com pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2. Líder do grupo de pesquisa LAPIS (Laboratório de Pesquisa de Imagem e Som). Recife (PE). Brasil.

Laura Loguercio Cánepa, Universidade Anhembi Morumbi

Doutora em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e coordenadora do PPGCOM da Universidade Anhembi Morumbi, com pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Líder do grupo de pesquisa Novas formas de visualidade no século XXI. São Paulo (SP). Brasil.

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Publicado

2023-07-30

Edição

Seção

Dossiê