A (re)invenção do cinema brasileiro em seu diálogo com o gênero de ficção científica
DOI:
https://doi.org/10.22475/rebeca.v12n1.934Palavras-chave:
Cinema Brasileiro, Ficção Científica, Distopias, Cinema de InvençãoResumo
No cinema brasileiro dos anos 2010, uma série de filmes fizeram uso de elementos do gênero de ficção científica para evidenciar o caráter insólito que foi se instaurando no cenário político brasileiro. O desejo de fabulação do real evidenciou traumas históricos e abriu espaço para especulações de caráter transgressor que pudessem operar uma descolonização do imaginário e uma renovação no cenário cinematográfico brasileiro. Neste artigo, propomos pensar as implicações desse gesto levando em conta o legado histórico do cinema de invenção, termo cunhado pelo crítico e realizador Jairo Ferreira ao se debruçar sobre o efervescente contexto cultural brasileiro do final da década de 1960 e começo da década de 1970. Para esta análise acerca do cinema brasileiro da década passada, privilegiamos duas obras de um realizador que se destacou nesse contexto com filmes ousados politicamente e inventivos em seus procedimentos estéticos e narrativos. A saber, os filmes Branco Sai, Preto Fica (2014, DF) e Era uma vez Brasília (2017, DF), ambos dirigidos pelo cineasta Adirley Queirós. A sua obra em construção norteia um debate acerca da condição periférica de nosso cinema e também das possibilidades deste pelo viés de uma ficção dos pobres, alargando um imaginário estético ao trazer à tona evidências da constituição histórica do cinema brasileiro e do seu legado nos dias de hoje.
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