O falso amplificado
Recursos sonoros em F for fake, de Orson Welles
DOI:
https://doi.org/10.22475/rebeca.v13n2.994Palavras-chave:
Orson Welles, F for Fake, Pensamento sonoro, Efeitos do falsoResumo
A partir da análise de trechos de cenas do filme F for fake (1973) de Orson Welles, o texto busca investigar o papel do pensamento sonoro na criação da atmosfera de artifício e falsificação proposta pelo filme. Observando parte da trajetória artística de Welles, delineamos o caminho reflexivo do texto ressaltando como o pensamento sonoro teve papel fundamental em suas obras, desde a marcante performance radiofônica Guerra dos mundos (1938), culminando em apostas mais experimentais como a de F for fake. Entre os recursos usados por Welles na composição sonora do filme estão a sobreposição de vozes e ruídos e a justaposição de fragmentos sonoros extraídos de diferentes cenas, compondo um mosaico de sons que atua na criação da atmosfera em múltiplas camadas a partir da qual o filme se constrói. As estratégias utilizadas por Welles em F for fake indicam caminhos na construção do que chamamos “efeitos do falso”, ramificação conceitual da noção de “efeitos de presença” elaborada nos escritos de Josette Ferál (2012). Para além, o texto desenvolve reflexões sobre o papel fundamental do desenho sonoro – bem como as inserções de momentos de silêncio – nas obras de Welles a partir do apoio teórico de Débora Opolski, Michel Chion e Jonathan Rosenbaum.
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