Contingências e atravessamentos de masculino e feminino climático no roteiro e no filme Interestelar
DOI:
https://doi.org/10.22475/rebeca.v13n2.1015Palavras-chave:
Masculinidade tóxica, Masculino/feminino climático, Abundância da realidade, Atravessamentos pós-coloniaisResumo
O cinema é intermediado de representações de masculinidades tóxicas, patriarcais e destrutivas de homens e mulheres, em suas produções. Roteiros e filmes contemporâneos têm desenvolvido nelas, liminaridades permeadas de gatilhos de gêneros, econômicos e socioambientais. As mudanças climáticas evidenciadas no acúmulo de efeitos irreversíveis, na hierarquia de espaços naturais, interestelares e nos impactos de comunidades e sujeitos vulnerabilizados também são reflexos masculinizantes de androcentrismo mobilizados na degradação do ecossistema planetário. As narrativas roteirística e fílmica Interestelar (Nolan; Nolan, 2014; Interstellar, 2014) se constituem em uma denúncia do desejo extremo das elites econômicas de abandono do globo terrestre e de perdição no universo em busca de uma nova terraformação sob condições desconhecidas e adversas de água e oxigênio. O propósito deste artigo científico é discutir as intermediações dos discursos e das intersubjetividades hegemônicas tóxicas, disjuntivas de rompimento de sentidos e disruptivas de profissão e gênero dos personagens por parte dos roteiristas e do diretor, com o intuito de atravessá-los por pressupostos acadêmico-científicos e assertivas de saberes indígenas de cuidado ambiental e compaixão em favor da casa comum, a Terra. Desta forma, demonstraremos que o repertório masculino e feminino climáticos de educadores vislumbra saídas às tentativas de salvação da espécie, representada nos personagens astronautas, em detrimento da humanidade e da natureza não humana incapacitada e avessa à destruição e morte no nosso planeta.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Simão Farias. Contingências socioambientais do roteiro do filme Aquarius, Revista Esferas, Ano 11, v. 2, n. 21, mai.-ago. 2021. p. 167-184. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/esf/article/view/13093. Acesso em: 07 dez. 2024.
ALMEIDA, Simão Farias. Ecocrítica da cartografia metafórico-interpretativa na não ficção de mudanças climáticas, clima e danos ambientais. João Pessoa: Ideia, 2017.
AMARAL, Ana Carolina. Bilionários jogam dinheiro para o espaço num mundo de pandemia à beira do colapso. Folha de São Paulo, Julho de 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2021/07/bilionarios-jogam-dinheiro-para-o-espaco-num-mundo-de-pandemia-a-beira-do-colapso-climatico.shtml. Acesso em: 06 jun. 2022.
BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: editora da UFMG, 1998.
BOFF, Leonardo. O cuidado necessário: na vida, na saúde, na educação, na ecologia, na ética e na espiritualidade. Petrópolis: Vozes, 2012.
BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Petrópolis: Vozes, 2015.
BONFIM, Marcos. Robô da Nasa encontra possíveis restos de vida microbiana em Marte, UOL (Ciência) 26 de maio de 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/05/26/rover-curiosity-encontra-sais-organicos-em-marte.htm. Acesso em: 07 dez. 2024.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
BUTLER, Judith. El gênero en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica S.A., 2007.
COLONIZING Space. In: THE UNIVERSE. Direção: Tony Long. Estados Unidos: 2008. 45 min., sonoro, colorido. Série exibida por History Channel [Temporada 2, Episódio 13].
CONNELL, R. W.; MESSERSCHMIDT, James W. Hegemonic Masculinity: rethinking the concept, Gender & Society. v. 19, n. 6, dez. 2005. p. 829-859. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0891243205278639. Acesso em: 07 dez. 2024.
CONNELL, R. W. Masculinities. 2 ed. Berkeley: University of California Press, 2005.
DAVIS, Mike. Cidades mortas. Rio de Janeiro: Record, 2007.
DESASTRE Total: Woodstock 99 (Trainwreck: Woodstock '99). Direção: Jamie Crawford. Produção: Cassandra Hamar Thornton e Sasha Kosminsky. Estados Unidos, 2022. Série exibida por Netflix [01 Temporada; 03 episódios], 143 min., sonoro, colorido. Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81280924. Acesso em: 07 dez. 2024.
DÜRBECK, Gabriele. Narratives of the Anthropocene: from the perspective of postcolonial ecocriticism and environmental humanities. In: ALBRECHT, Monika. Post-colonialism cross-examined: multidirectional perspectives on imperial and colonial pasts and the neocolonial present. Abingdon; Nova York: Routledge, 2000.
DYSON, Michael Eric. Come hell or high water: hurricane Katrina and the color of disaster. Nova York: Basic Civitas Books, 2007.
FEARNSIDE, Philip. A floresta amazônica nas mudanças globais. Manaus: INPA, 2003.
HULTMAN, Martin; PULÉ, Paul M. Ecological masculinities: Theoretical foundations and practical guidance. Oxon; Nova York: Routledge, 2018.
INTERSTELAR (Interestellar). Direção: Christopher Nolan. Produção: Warner Bros. Pictures; Paramount Pictures.. Estads Unidos, 2014. Filme exibido por Apple TV. 169 min., sonoro, colorido. Disponível em: https://tv.apple.com/br/movie/interestelar/umc.cmc.1vrwat5k1ucm5k42q97ioqyq3?playableId=tvs.sbd.9001%3A965491522. Acesso em: 07 dez. 2024.
KAPLAN, E. Ann. Climate trauma: foreseeing the future in dystopian film and fiction. Nova Brunswick: Rutgers University Press, 2016.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020a.
KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020b.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LEFF, Enrique. Ecologia, capital e cultura: a territorialização da racionalidade ambiental. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 2009.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MORTIMER-SANDILANDS, Catriona; ERICKSON, Bruce (orgs.). Queer ecologies: sex, nature, politics, desire. Bloomington: Indiana University Press, 2010.
NOLAN, Christopher; NOLAN, Jonathan. Interstellar: the complete screenplay with selected stoyboards. Londres: Faber and Faber Limited, 2014.
PULÉ, Paul M.; HULTMAN, Martin. Ecological masculinities: theoretical foundations and pratical guidance. Abingdon: Routledge, 2018.
PULÉ, Paul M.; HULTMAN, Martin (orgs.). Men, Masculinities, and Earth: contending with the (m)Anthropocene. Cham: Palgrave Macmillan, 2021.
PLUMWOOD, Val. Environmental Culture: the ecological crisis of reason. Nova York: Routledge, 2002.
QUEBRANDO mitos. Direção: Fernando Grostein Andrade, Fernando Siqueira. Brasil; Estados Unidos, 2022. 92 min., sonoro, colorido.
SEXTON, Jared Yates. The man they wanted me to be: toxic masculinity and a crisis o four own making. Berkeley: Counterpoint, 2019.
SEYMOUR, Nicole. Strange natures: futurity, empathy, and the Queer Ecological Imagination. Chicago: University of Illinois Press, 2013.
STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas: Papirus, 2003.
STREEBY, Shelley. Imagining the future of climate change: world-making through science fiction and actvism. Oakland: University of California Press, 2018.
SUBAHI, Ammar Al. Mise-en-page: an introduction to screenplay style & form. Tese (Doutorado). Centre For Languages And Literature, University of Lund, Lund, 2012. Disponível em: https://lup.lub.lu.se/luur/download?func=downloadFile&recordOId=3049516&fileOId=3049517. Acesso em: 07 dez. 2024.
THE UNIVERSE. Direção: Douglas Cohen e outros. Estados Unidos: 2007-2015. Série exibida por History Channel. [09 Temporadas; 90 episódios]; 45 min. [por episódio], sonoro, colorido.
WILLOQUET-MARICONDI, Paula. Introduction: from literacy to cinematic ecocriticism. In: WILLOQUET-MARICONDI, Paula (org.). Framing the world: explorations in ecocriticism and film. Virginia: University of Virginia Press, 2010.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Simão Farias Almeida

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.