Ouvindo temporalidades queer

A disjunção audiovisual em Blue (1993) e The Terence Davies trilogy (1983)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22475/rebeca.v13n2.1057

Palavras-chave:

Temporalidade queer, Cinema queer, Disjunção audiovisual, Som do cinema

Resumo

O conceito de temporalidade queer é explorado nos estudos queer como uma possibilidade de lidar com o tempo de outras formas que não o cronológico e progressivo, ancorado em uma ideia heteronormativa de progresso pessoal, abrangendo o matrimônio, a reprodução e transferência de patrimônio. A partir disso, este artigo investiga como alguns filmes autobiográficos convidam o espectador a vislumbrar formas de vivenciar essas temporalidades queer, onde passado, presente e futuro podem coincidir. Especificamente, analisamos o uso da disjunção audiovisual como uma técnica cinematográfica que manifesta o sentimento de assincronicidade e de estar “fora do ritmo”. Nesse sentido, propomos uma leitura paralela de dois filmes autobiográficos dirigidos por cineastas gays: Blue (1993), de Derek Jarman, e The Terence Davies trilogy (1983), de Terence Davies. Assim, este artigo tem como objetivo elucidar o uso da trilha sonora como um elemento que possibilita ao espectador perceber momentaneamente as temporalidades queer, a partir de uma experiência auditiva.

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Biografia do Autor

Breno Alvarenga, Universidade Federal Fluminense

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF), com período sanduíche na Norwegian University of Science and Technology (NTNU). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil.

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Publicado

2024-12-23

Edição

Seção

Temáticas Livres